Cromia

MEMORIAL DESCRITIVO DA
PROPOSTA ARTÍSTICA
CROMIA

Descrição Conceitual

Cromia foi um painel de graffiti que integrou elementos gráficos geométricos e orgânicos, como folhagens de plantas, em uma composição harmoniosa projetada para ser visualmente confortável e esteticamente agradável para pessoas com daltonismo, especialmente aquelas com deuteranopia. A obra representou uma fusão entre arte urbana e acessibilidade visual, oferecendo uma experiência artística inclusiva e convidativa.

Justificativa

O projeto surgiu da necessidade de tornar a arte urbana mais acessível, reconhecendo que a diversidade sensorial também compõe a democratização cultural. Ao adaptar a paleta cromática para contemplar diferentes formas de percepção visual, Cromia propôs um ambiente de interação artística que celebrou a multiplicidade de olhares e sensibilizou o público para a importância da inclusão na arte contemporânea.

Deuteranopia

A deuteranopia, condição que orientou parte das decisões estéticas da obra, trata-se de um tipo de daltonismo que compromete a percepção do verde, frequentemente confundido com tonalidades terrosas. A ausência dos cones M — responsáveis pela leitura dessa faixa cromática — faz com que indivíduos com essa condição percebam o mundo predominantemente em nuances azuladas e douradas, além de experimentarem confusões entre vermelho e verde, e entre amarelo e verdes mais intensos. As escolhas cromáticas do mural foram, portanto, fundamentadas em estudos dessas particularidades perceptivas, assegurando que a obra permanecesse sensível às diversidades visuais do público.

Para aqueles que desejaram compreender de forma mais profunda essa perspectiva, foi sugerido o uso do Simulador de Daltonismo, na opção Deutan (verde), permitindo visualizar uma fotografia do mural conforme percebido por pessoas com deuteranopia. Essa etapa complementar reforçou o compromisso do projeto com a transparência e com a educação sensorial.

Os resultados alcançados confirmaram a eficácia da proposta: as cores mantiveram equivalência perceptiva entre públicos com ou sem a condição, sem demandar esforços adicionais de leitura visual. Assim, Cromia consolidou-se como uma experiência estética inclusiva, reafirmando a potência da arte urbana como instrumento de acessibilidade, sensibilidade e democratização cultural.

Aspectos técnicos

A obra foi executada com spray e tintas específicas para ambientes externos, garantindo durabilidade, resistência e preservação das cores ao longo do tempo. Sua estrutura visual combinou elementos geométricos e orgânicos distribuídos em blocos de cor bem definidos, intercalados por cortes brancos que funcionaram como zonas de respiro, facilitando a leitura do mural para diferentes públicos, inclusive aqueles com limitações na percepção cromática.